Outro dia ela foi convidada para ir a um show de um cantor que adora, mas recusou. Um amigo a chamou pra assistir uma comédia romântica no cinema, ela disse não. Ganhou um dvd do Djavan, nunca assistiu. A prima lhe deu um romance, apesar de adorar ler, ela olha pro livro e pensa, hoje não. Quanto toca aquela música linda na rádio, ela muda a estação.
Não sai mais com casais, jantares só os coletivos e com muita gente. Festas? Só as populares. Músicas? Só trilhas sonoras de filmes de ação. Os passeios são os mais radicais e que inspirem aventura e estimulem adrenalina, nada de locais paradisíacos ou qualquer coisa que a reporte a um passeio romântico.
Fez novos amigos e não faz mais poesia, dança músicas que nunca dançou e como nunca dançou e canta músicas que nunca cantou. Se alguém pergunta se ela já amou, ela fala de ciência, filosofia, politica e religião. Se alguém do passado aparece ela acena e apressa o passo, ela não conversa sobre o passado muito menos pára para falar com ele.
Ela continua com sorriso doce, mas já não sorri para qualquer pessoa, tem o olhar de quem quer abraçar alguém pra sempre, mas já não tira os óculos e se alguém a fitar, ela desvia o olhar como quem se esconde. Ela ainda tem a voz suave, é tanto que alguém falou que a voz não condiz com o quimono que ela veste.
Sim, ela agora luta! Ela nega, mas esta luta é contra o amor.
De Camila Mascarenhas
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