sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Afinal...


Sabe quando você gostaria de dizer tanta coisa, mas tanta, tanta coisa e que termina não saindo nada?

Sabe quando os pensamentos são tantos que te desorienta por estarem demasiadamente velozes e desordenados?

Sabe quando estas duas coisas se misturam dentro de você e de repende você já não sabe mais de nada, é um turbilhão de pensamentos, sentimentos, palavras, vontades, medos, que te engasgam e você desaprende a falar, escrever, pensar a ponto de ficar horas em frente a caneta e ao papel e não conseguir escrever uma linha?

Neste momento a gente tenta mudar de estratégia e vai para a frente do espelho para tentar colocar para fora estes pensamentos todos que atordoam, mas lá passamos mais algumas horas ensaiando e as palavras  continuam engasgadas, não saem, pois os pensamentos simplesmente não conseguem entrar numa ortem simétrica com a fala, como se fosse impossível ordenar o tempo entre as idéias, lembranças, insight e sentimentos. Sabe como é?

Acredito que é nesta hora que a gente se convence que o melhor mesmo é não dizer nada, escrever nada, mas é preciso um pouco mais de convencimento, então, você tenta justificar, e diz para você mesmo:

      -Dizer o quê? Para quê? Será que vai ouvir? Será que vai querer entender? É provável que não faça nenhum sentido, não mude nada, não toque nada por dentro, que não tenha valor algum e nenhuma importância.

Vencida esta fase de convencimento, adentramos a constatação pessoal de que qualquer atitude seria apenas um ato estúpido, inútil e desesperado que culminaria apenas em mais uma lembrança dolorida para se esquecer, independente de qualquer sentimento nobre,  puro, verdadeiro e bom que ainda exista dentro da gente.

Afinal, quem vai embora sem dizer tchau olhando nos olhos, deixa claro que  tudo que foi vivido não valeu coisa alguma.

 


De Camila Mascarenhas