terça-feira, 1 de maio de 2012

Difícil

Depois de algum tempo, quando a angustia já não era tempestade, quando a mágoa já não gritava e a dor não se fazia mais constante, ela passou a procurar o que era aquilo tão difícil de sentir, que existia, incomodava e fazia tantas vezes lhe faltar sobriedade, culminando num desejo imenso de não ser.

 Ela queria saber!

Ao passo que se sentia, conhecia e percebia, o tempo seguia caminhando sem pressa, ela também seguia junto com o tempo, ia distinguindo as coisas e notando que não era tão difícil estar ali, ou ouvir, não era mais tão difícil ver ou tocar, nada disto era tão difícil!

Mas o que era então tão difícil de sentir?

Não era aquilo que tira tudo que tem cor, que tem cheiro e sabor, que pinta de cinza a alegria roubando seu brilho, deixando adiante apenas uma estrada, só uma estrada cinza, não era aquilo que era difícil!

Com o tempo ela descobriu o que era mesmo difícil!

Ela entendeu, levantar e caminhar na estrada cinza era o único caminho até que a tinta secasse e se pudesse colorir tudo novamente... mas isto, não é difícil! Seguir caminhando, olhar para os lados e perceber-se só na estrada... não é difícil!

Difícil...

Ela entendeu... Eu também entendi... Seguir adiante sem querer voltar o tempo e mudar tudo... Difícil! Difícil mesmo é conseguir seguir sem olhar para trás.


De Camila Mascarenhas