terça-feira, 26 de abril de 2011

Já não importa

É tarde (...)
Agora já não adianta (...)
Já não serve mais lembrar dos sonhos (...)
Os nosso sonhos (...)
Aqueles sonhos que sonhamos juntos (...)
Tu os destruístes (...)
Não adianta pensar neles, lembrar deles (...)
Não posso mais realizá-los (...)
Empenhar-me-ei a sonhar novos sonhos (...)
Desta vez sonharei sonhos que somente eu possa destruir (...)
Buscarei ainda, aqueles sonhos, meus, que me convencestes a guardar em troca de sonhos nossos (...)
Além dos novos sonhos, terei de volta os meus sonhos (...)
Jamais os guardarei novamente (...)
 Terei apenas sonhos meus para realizar, mas e tu?
Já não importa.



De Camila Mascarenhas

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Especial

Na verdade o que a gente quer é ser especial.

Quando a gente é especial para alguém a vida muda de cor, as músicas são mais bonitas, enxergamos o mundo com outros olhos, tudo se torna melhor, até as dores doem menos...

O que verdadeiramente queremos é ser especial para alguém.
Não importa se é para o motorista que você encontra diariamente e se você se atrasa ele demora um segundinho a mais pra ver se você aparece e pega ônibus, ou o seu gato que te espera chegar deitado no muro olhando a rua, a moça do cafezinho que sempre deixa na sua mesa o seu café mesmo quando você não está na mesa, só porque ela sabe que vc gosta, ou sua mãe que te espera acordada até que você finalmente chega e ela pode ir dormir, ou se é para o amor de sua vida que te recebe com um abraço apertado cheio de saudade depois de um dia de trabalho...

Não importa! O que a gente quer é ser especial, e quando nos tiram isto, dói mais que dor de dente, muito mais que uma topada, que cólica intestinal. Dói por dentro, parece que estão te arrancando a alma do corpo, e fica um vazio que não tem mais tamanho no peito.

Cuidado ao retirar o valor que um dia depositou em alguém. As vezes é inevitável que alguém se torne comum, mas a forma como fazemos isto pode  não ser cruel para quem sente.


De Camila Mascarenhas

sexta-feira, 1 de abril de 2011

1° de Abril

Esqueci...
 
Teu nome, teu rosto, teu gosto, teu cheiro.

Apaguei...

As senhas, as letras, as chamas.

Rasguei...

As cartas, as fotos, as roupas.

Aquele bilhete preso no quadro, os passeios de mãos dadas pela estrada, o primeiro beijo, o calor da cama pequena, o silencio da chegada, o madrugar para partida, as lágrimas dos sorrisos... Tudo...

De todo tempo juntos, não restou nada.

Nunca fale daquele tempo juntos, das horas que passamos apegados sem noção do tempo, perdidos em carinhos.

Esqueça, pois eu, de nada disto sei.

De repente, amnésia! 



De Camila Mascarenhas