domingo, 31 de outubro de 2010

Coisas que faltaram...

Faltou a casa na Ribeira e o pôr do sol no Humaitá...

As viagens a Jequié, e faltou conhecer o Rio de Janeiro também...

Faltou o carnaval de Muquiranas...

Faltou ser entregue o presente, e o disco com as canções que você prometeu também...

Faltou sinceridade...

Faltou sentimento, tempo, vontade, a história de amor escrita no primeiro livro... Ficaram na falta...

Acho que faltou coragem e também faltou um adeus...

A única coisa que não faltou foram as imagens, e são elas que hoje fazem mais falta.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Chorou...


Ao longe eu a avistei, percebi sua angustia e tristeza. Como uma criança perdida, lá estava ela, com as costas contra o muro, abraçando os joelhos e com um olhar que me preocupou. 

Fui aproximando-me aos poucos, com passos lentos, ela acompanhou-me com os olhos aflitos. Sentei-me no chão ao seu lado, ela me olhou e tentando conter as lágrimas que queriam escorrer pelo seu rosto, que naquele momento me parecia muito frágil e um tanto infantil, ela me perguntou:

-Ainda dá tempo?

Imediatamente respondi que sim, insatisfeita com a resposta disse:

-Mas vai doer!

Naquele momento cheguei a ouvi o seu coração gritando. Ela já não podia mais conter as lágrimas e derramou o coração pelos olhos. Sua dor fez nascer minha tristeza. Ela chorou como criança.

Dentro de mim haviam lágrimas também, pois eu conhecia a razão de sua vergonha e o tamanho da sua ilusão. Senti-me impotente ante a sua tristeza, sou o único a quem ela revela as debilidades, o único com quem  chora, único para quem revela suas dores, e naquele momento eu queria poder chorar junto com ela, mas não podia. Ela precisava da minha força.

Tomando-a em meus braços disse que existem dores que precisam ser sentidas, ela soluçou um pouco ainda e em meu colo adormeceu.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Onde está você?

Ela levantou cedo da cama, certamente não conseguiu dormir aquela noite, tomou um banho frio e quase não falou, apesar do enorme esforço para fazer tudo como faria normalmente, era claro em seu rosto  à noite sem dormir e sua ansiedade. Buscando seguir a rotina ela tentou fazer tudo como de costume, mas eu a conheço muito bem, faltou à música, faltou o banho demorado, faltou as horas do espelho, faltou... Ela simplesmente agiu como quem planejou cada passo, a roupa que ia vestir, o tempo que poderia durar o banho... Mas seus olhos estavam acesos, como os de quem esta pensando sem parar por muito tempo.

Ela tomou café, me beijou e saiu, mal fechou a porta atrás de si voltou, sentou-se no sofá, abriu a bolsa, pegou sua agenda e uma caneta e escreveu:

Oi, olha, preciso te dizer que me sinto muito bem ao seu lado, adoro sua  companhia, mesmo quando a gente se estranha quando estou longe sinto falta dos teus olhos, de ver seu sorriso e sentir seu cheiro, com você posso ser eu mesma e isto é muito, muito bom, isto é ser feliz. Não sei dizer o que é isto que estou sentindo, mas quero muito, não quero você longe, quero sempre perto, sempre comigo, por mais absurdo que possa parecer eu e você juntos! Estar com você é como estar comigo mesma sem estar só, é perfeito. Eu sei que para todo mundo isto parece loucura, mas pouco me importa...
VEM FICAR COMIGO, VEM?!

Depois de escrever arrancou a folha, deixou sobre o sofá, levantou-se e foi embora, eu nada disse como de costume, mas a esperei com um buquê de rosas vermelhas, sua flor favorita,  enfeitei a casa com velas e pétalas, só que ela  nunca voltou.